Atitude LGBT Social

sábado, 29 de janeiro de 2011

A explícita condenação de apedrejamento de homossexuais no Irã e a nossas próprias pedras de cada dia


Hoje foi publicado no Jornal O Globo a notícia que na próxima sexta-feira, dia 21, Ayub, de 20 anos, e Mosleh, de 21, que vivem na cidade de Piranshahr, serão executados em decorrência de uma sentença da Justiça do Irá que os condenou à morte por apedrejamento, acusados de homossexualidade.

Isto mesmo, dois gays serão barbaramente apedrejados até a morte no Irã.

Estes dois gays iranianos serão apedrejados por terem relações homossexuais e por conta de um suposto vídeo entre gays. O vídeo em questão foi achado nos celulares dos dois acusados juntos com imagens do aiatolá Ali Khamenei colocado no corpo de um burro e mostrava cenas de sexo entre dois homens, com a imagem do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad.

A organização Campanha Internacional pelos Direitos Humanos no Irã (ICHR) tenta mobilizar entidades internacionais para tentar reverter o apedrejamento.

A presidente Dilma Rousseff se pronunciou oficialmente contra o apedrejamento de uma mulher iraniana, Sakineh Mohammadi Ashtiani, a qual foi poupada da pena de morte.

O governo brasileiro agirá com a mesma sensibilidade e igualdade de tratamento em relação a estes dois homossexuais?

Não há sequer sinal que isto possa ocorrer.

Apesar da comparação figurativa, se pararmos para pensar, vamos constatar que aqui no Brasil os homossexuais e transgêneros não recebem tratamento tão diferente assim dos gays do Irã.

As pedras são outras.

O Governo também não as atiram, mas se omite e deixa que outro o faça.

As pedras que atingem aos LGBTs são desde a perda da vida, até agressões físicas e morais, com maltratos, humilhações e tratamento diferenciado dos demais cidadãos, sem reconhecimento de direitos civis iguais e da proteção legal contra a homofobia.

O Governo, por sua vez, faz moeda de troca com nossos direitos na política, assiste o arquivamento de projetos de leis e se omite para que sua bancada atue pelo reconhecimento da igualdade.

As conseqüências são os números a cada ano maiores de assassinatos homofóbicos, lâmpadas na cara de homossexuais, discriminação crescente e a perda da dignidade do lgbt nacional.

Ontem, simbolicamente, tivemos num programa televisivo um paredão para que a população brasileira também pudesse, entre três participantes, apedrejar e matar um. Entre os possíveis havia uma mulher, um gay e uma transexual. Óbvio que a transexual levou quase todas as pedradas que culminaram na sua dissipação. As pedras podem ser formadas por conteúdo diferente, mas não deixam de ferir.

O Irã é aqui também.

Óbvio que fico perplexo com a barbárie praticada de forma descarada pelo governo iraniano e me uno no grito contra a total desumanidade.

A vida é o maior bem de um ser humano. Mas não se esqueçam que aqui também muitas se perdem.

Não se espante se muitos que aqui ajudam jogar “pedras” nas bichas, sapatas, travestis e transexuais falem com indignação sobre as pedras de lá.

Sim, temos que exigir uma posição oficial do governo brasileiro contra essa barbaridade do Irã praticada contra os gays ou que tenha por alvo qualquer ser humano, mas não podemos deixar de cobrar dele que retire as inúmeras pedras das mãos dos que aqui nos atingem, a começar pela própria política do Estado.


http://www.frentelgbt.com.br/

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