A homossexualidade na História |
Deste
o princípio, a prática do homoerotismo está presente na sociedade
humana. Existe registros desse comportamento sexual entre povos
selvagens, na natureza e entre os animais. Neste trabalho de pesquisa
está relatado como a ótica da moral de cada sociedade, das ciências e
das filosofias encarou esse fenômeno da natureza.
Egito (Séc V a.C.)
Existiu
na cidade de Tebas (que por mais de 2000 anos foi a maior e mais
próspera cidade, considerada sagrada, do Egito) um exército de
homossexuais. O grupo militar era formado por mais de 150 casais de
amantes. No Egito, quando um jovem se alistava, o seu equipamento era
dado por seu parceiro. Através de inúmeras e espetaculares lendas, o
Sagrado Exército de Tebas, como era chamado, foi transformado em lenda,
mantendo-se invicto por mais de 40 anos, perdendo apenas para Felipe,
rei da Macedônia, pai de Alexandre o Grande. Alexandre posteriormente
destruiu a cidade. Entre os registros egípcios existe um conto sobre
duas divindades que vêm para a terra e fazem sexo com dois homens. Os
nobres possuíam escravas e escravos para a prática sexual, além dos
jovens pajens.
Grécia (séc. III a.C.)
O
berço da filosofia, terra que nos fez herdar belezas arquitetônicas,
foi o celeiro de muitas de nossas ciências e da democracia. Exemplos de
homossexualidade na Grécia não são limitados aos mortais, na ficção está
a maior demonstração da abertura do pensamento grego sobre o tema.
Na mitologia
A
mitologia grega está recheada de deuses, semi-deus e seres bissexuais
ou homossexuais. O casal mais famoso de todos é formado por Zeus e
Ganimedes. Hércules, famoso por suas habilidades e força, também amava a
Filoctes, Nestor, Adônis, Jasão e outros, mas o seu amor era notório
pelo sobrinho Iolau. Apolo, deus da beleza e da eterna juventude, além
de seus incontáveis amores femininos, possuiu inumeráveis homens. O
rapto de jovens era comum, aconteceu com Himeneu, Ciparisso, Carnus,
Hipólito, entre outros. Já o Deus do vinho, Dionísio, gostava de festas e
banquetes.
Cultura
A
educação dos meninos atenienses se dava através de laços de amizade e
pratica homossexual com seus mentores. Um cidadão que não exercesse a
adoção de jovens, e se encarregassem de sua educação, era acusado de
omissão em seus deveres como cidadão. Era uma obrigação social tão
importante quanto pagar impostos. Os meninos após os 12 anos de idade,
nunca abaixo dessa idade, procuravam um adulto para sua educação. Com a
aprovação da família e do garoto, este praticava sexo homossexual
passivo até completar seus 18 anos de idade com o mentor que lhe
ensinava tudo o que sabia sobre a vida. A partir de então, tornava-se
ativo e deveria ser mentor de outro jovem, para posteriormente casar-se,
próximo a completar 25 anos de idade. Obviamente, muitos continuavam
com a prática homo.Homens para o prazer, mulheres para a procriação.
De
fato não há registro de que a homossexualidade tenha sido amplamente
aceita na Grécia antiga, muito menos que tenha sido encarada como um
problema, como acontece nos dias de hoje. A bissexualidade era vista
como prova de virilidade e o sexo homossexual apenas como sexo carnal,
troca de energias.
Olimpíadas
Os
jogos olímpicos da antiguidade eram exclusivos para homens. Neles, os
atletas competiam pelados e ao final de cada dia havia uma grande
comemoração. Não existia a competição, ganhadores ou perdedores, era uma
celebração saudável ao corpo e mente humana.
Colocar
foto: Platão, Sócrates e Safos foram os homossexuais mais famosos deste
período, suas idéias, resgatadas na renascença, foram determinantes
para o fim da era das trevas.
ROMA
Nenhum
outro império foi tão poderoso, extenso e glorioso quanto o romano. Dos
últimos 15 imperadores, apenas um (Cláudio) não deixou referências
quanto a sua homo ou bissexualidade. Julio César, Tibério, Calígula,
Nero, Adriano, Heliogábalo, Galba, Caracala, entre outros, foram adeptos
do amor proibido. A luxúria proporcionada pela ostentação, e riqueza,
era grande. Nos palácios ocorriam verdadeiras orgias. Vestir-se de
mulher era uma brincadeira comum, como acontece em nosso carnaval. Até
Constantino (312 D.C), a homossexualidade não seria encarada como um
problema por nenhuma sociedade. Embora algumas religiões citem o
episódio de Sodoma e o velho testamento, tradutores garantem que houve
um erro de tradução, no primeiro caso, e uma grotesca alteração, no caso
do segundo, durante a Idade Média.
ERA DAS TREVAS
Durante
a Idade Média o mundo mergulhou na ignorância. A vontade de Deus era o
argumento para todas as ações, inclusive em situações cruéis. A ascensão
do Cristianismo em Roma reverteu os valores da época, caçou hereges e
perseguiu os diferentes. O papa passou a ter um poder divino sobre a
terra, dividindo com os imperadores o governo das nações, influenciando
como nunca o futuro da humanidade. O conhecimento ficou restrito aos
nobres e aos clérigos. Através do saber manipulou-se os interesses dos
homens, a escravidão religiosa gerou uma igreja próspera e violência
generalizada.
A
religião de Roma prosseguiu. Diversos são os relatos de ontem e de hoje
sobre casos de homossexualidade dentro das religiões. Papas
homossexuais fizeram parte da história da Igreja. Como João XXII, que
chegou a ser expulso e trazido de volta, por causa das suas orgias
bissexuais. Tendo sido assassinado a pauladas, em 964, aos 24 anos, por
um esposo traído que o pegou em flagrante.
Em
1123, foi declarada a nulidade de casamentos de padres. Mulheres,
animais fêmeas, adolescentes belos e até instrumentos musicais foram
proibidos nos mosteiros, a fim de diminuir a tentação aos religiosos.
Cantos que misturavam tons muito agudos foram retirados com o pretexto
de serem homoeróticos. A pureza da alma agora dependia do sexo e do
desejo.
Inquisição
O
papa Gregório instituiu o direito ao Tribunal do Santo Ofício, em 1231,
e ordenou o combate às mazelas difundidas em toda a Europa. Somente em
Estrasburgo, na época território alemão, foram queimados mais de 80
homens, mulheres e crianças, somente no primeiro ano da inquisição. A
prática de extorsões, crimes políticos e de tortura também é observada.
Os homossexuais foram tão perseguidos que, somente no Brasil, já no
século XVII, foram registradas 4.419 denúncias de sodomia, dos quais, 30
foram enviados à Metrópole e condenados à fogueira. Muitos fidalgos
portugueses fugiam para a colônia em busca de sossego da Inquisição.
A
sodomia era considerada a pior das heresias. Para homossexuais, a idade
justificava a pena. Após confissões obtidas na base da tortura, o
indivíduo abaixo de 15 anos era recluso por 3 meses. Acima dessa idade,
deveria ir preso e posteriormente pagar multa. Os adultos deveriam pagar
multas, caso contrário tinham suas genitálias amarradas, deveriam andar
nus pela cidade, serem açoitados e depois expulsos. Caso fossem maiores
de 33 anos, o acusado seria julgado, sem direito a defesa e, caso
condenado, morto em fogueira e seus bens confiscados. Apesar de todo os
esforços, nesse mesmo período existem relatos de pelo menos dois papas
homossexuais: Paulo II e Alexandre VI.
Renascença
O
retorno das idéias gregas e romanas. Dois fatores foram cruciais para o
sucesso desta virada de página na humanidade. O fortalecimento da
burguesia, através do comércio e artesanato, a segunda, sem dúvida, a
invenção da prensa gráfica móvel em 1456 pelo alemão Gutemberg. Com
isso, a escrita passou a ser popularizada. Os livros produzidos pelos
monges escribas e dominantes da escrita não eram acessíveis à maioria da
população. Embora o primeiro livro publicado tenha sido a Bíblia, em
menos de 10 anos o volume de obras ultrapassou o que os monges
conseguiram fazer a mão em quinze séculos. Infelizmente, na idade média,
muitas obras acusadas de hereges foram perdidas para sempre. Porém,
fragmentos da antiguidade e novos títulos sugiram e impulsionaram o
pensamento humano.
Com
defensores públicos do amor entre iguais, a homossexualidade foi
tornando-se causa de penas leves e raras execuções. Os mestres Leonardo
da Vinci, Botticelli, Michelangelo eram homossexuais. Novos ares de
liberdade inebriavam a história, mas os homossexuais ainda seriam
atacados pelos protestantes, que apesar de defenderem a educação de seu
povo passaram a ver os homossexuais e as prostitutas como escória social
na terra e no reino divino, voltando para estes grupos os julgamentos e
execuções.
O Oriente
Em
1541, Francisco Xavier foi o primeiro missionário a chegar no Japão e à
China. Chegando nesses países e visitando um grande monastério Zen,
presenciarou a falta de pudor destes povos ao “copularem contra a
natureza”. Mais tarde, os jesuítas relataram que a sodomia também era
comum entre os samurais. Na China, outro missionário relatou que a
existência de um grande número de prostitutas e sodomia generalizada. A
visão ocidental passou a interferir na tradição milenar do oriente,
apenas no século XIX, com o aprimoramento da comunicação, que o
preconceito passou a ser homogêneo ao ocidente.
As Américas pré-colombianas
Em
toda a América do Norte foi observada a prática de sodomia entre as
tribos nativas. O travestismo era comum em tribos como os Sioux. Ao povo
asteca existia até um deus patrono da homossxualidade e da
prostituição, xochipili. Práticas rituais com sexo entre homens também
foram relatadas. Prisioneiros e escravos mais uma vez eram vítimas de
estupros.
Na
América do Sul, em tribos de caçadores, os homens que não gostassem de
desempenhar o papel social de seu gênero poderia juntar-se às mulheres
nos afazeres da agricultura e cuidados domésticos. Para participar do
grupo feminino deveria deixar os cabelos alongados e ser passivo. Os
conquistadores europeus caçavam os nativos travestidos, conforme
ensinado em sua terra natal. O termo bugre, sinônimo de índios, vem do
termo francês bougre que significa herege, sodomita.
No
Brasil, o sexo homossexual sempre fora praticado entre os índios. Em
algumas tribos, essa era a forma de curandeiros passarem seus
conhecimentos. Rituais de iniciação fazem parte da tradição do índio
entrando na puberdade, em muitas comunidades inclui-se a iniciação
sexual. O baito, tenda dos homens, foi presenciada no Séc. XIX pelo naturista alemão Karl Von den Steiner.
A falta de mulheres disponíveis na tribo também era resolvida de forma prática.
Brasil Colônia
Em
1584 aconteceu a primeira visita do Santo Ofício da Inquisição no
Brasil. A Bahia foi o local desta inspeção motivada pela observação das
pessoas que retornavam a Portugal, que possuíam hábitos de libertinagem.
Durante
a escravidão, a homossexualidade foi naturalmente praticada pelos
negros, uma vez que a prática ainda não havia sido coibida em seu
continente. Tanto os homens quanto as mulheres eram vítimas de estupro
por parte dos capatazes e senhores de engenho. Alguns historiadores
afirmam que Zumbi dos Palmares, o herói negro brasileiro, também era
homossexual.
Iluminismo (Séc. XVIII)
A
idade do ouro. O século das luzes tomou conta Europa e posteriormente
do mundo. As idéias de racionalismo, da ciência, de um homem que se
tornava cada vez mais humano. Com isso, a ciência tomou conta de
caracterizar a homossexualidade como doença. Na verdade, foi descrita
entre doença e etnia, como se através das características de
comportamento do indivíduo ele fizesse parte de um grupo étnico. O mundo
ainda era extremamente machista e fundamentalista. Tudo precisava ter
uma explicação. Os anos de ignorância geraram fome de conhecimento. A
partir daí para a invenção da luz elétrica, mecanismos movidos a vapor. A
revolução francesa marca o fim do feudalismo, representa a luta por
melhores condições de vida, de trabalho: liberdade, igualdade e
fraternidade. Para o homossexual (sobretudo àqueles sem contatos
políticos) existiam agora três pesos: o Estado, a Igreja e o povo.
Diversas experiências de cura de homossexuais foram empregadas,
obviamente, sem sucesso.
Fonte; Revista Lado A
|
Atitude LGBT Social
sábado, 29 de janeiro de 2011
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