Grupo anti-homofobia ocupa Paulista com fita crepe e marcha política
Ocupação, mais precisamente Ocupação PCL 122, é o nome de uma intervenção poética feita de fita crepe – aquela mesma que usamos para fechar caixas, mas nesse caso, com o propósito de abrir consciências. O corpo, que sai do desenho, lembra tanto as demarcações da perícia policial para investigar assassinatos como o símbolo dos semáforos que indica que é preciso avançar, atravessar a rua, o preconceito. Por enquanto, apenas os moradores de São Paulo ou Brasília podem se deparar em suas ruas com esse misto de pichação política com street art. A sigla que vem ao lado do corpo é do projeto de lei – em trâmite no Senado - que criminaliza a homofobia.
Essa foi uma das muitas boas ideias (na minha opinião, a mais inquietante) dos integrantes do grupo Ato Anti-homofobia que surgiu no Facebook, em 2010, como resposta tanto à carta do chanceler Augustus Nicodemus Gomes Lopes, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que condenava a homossexualidade como aos ataques violentos de jovens em plena Avenida Paulista contra pessoas que eles supunham serem gays.
Em conversa com 7 integrantes do grupo [Luis Arruda, 23, advogado; Otávio Matias, 25, produtor; Luana Torres, 29, bancária; Felipe Oliva, 27, funcionário público; André Leal, 23, estudante; Rafael Gameiro, 20, estudante e Aninha Córtes, 18, estudante], o Blogay percebeu o entusiasmo de todos eles com a realização de uma marcha contra a homofobia neste sábado, 19, às 15h, em São Paulo, saindo do cruzamento da Consolação com a Paulista e se encerrando no número 777 dessa mesma avenida, palco da violência contra gays em que uma lâmpada trouxe o obscurantismo.
Eles tinham acabado de serem expulsos do Spot [restaurante da moda e conhecido por ser frequentado por muitos homossexuais]. Estavam panfletando e chamando gays e simpatizantes para a marcha. “As bichas finas fizeram carão pra gente e o pessoal do restaurante disse que a gente estava incomodando”. Mesmo com estes imprevistos que mostram o quanto uma comunidade homossexual está longe de ser unida, eles ainda percorreram as ruas do Centro e os bares do Baixo Augusta.
Na conversa, fizeram questão de afirmarem o caráter apartidário do grupo e mais de uma vez a palavra cidadão saiu de suas bocas. “Somos cidadãos que resolveram se unir por uma causa”.
O cidadão traz também a ideia de indivíduo, que pode estar também representado no corpo da Ocupação PCL 122. É o indivíduo que usa as redes sociais não para fazer uma militância de escritório, mas que se une com outros indivíduos em suas diferenças para lutar que todas as diferenças sejam respeitadas.
Faça você mesmo na sua cidade
Tutorial da Ocupação PCL 122 - por André Leal e Luís Arruda
1) Material: Giz e Fita Crepe grossa.
2) Mínimo de pessoas para fazer a intervenção: 2.
3) Uma pessoa deita no chão ou encosta na parede a ser ocupada.
4) A outra faz a silhueta com giz ou diretamente com a fita, caso não tenham giz. O giz facilita porque é mais rápido e a outra pessoa pode ajudar a colar a fita crepe.
5) Reforçar a silhueta com uma nova camada de fita.
6) Escrever PLC122/ Contra Homofobia com a fita e reforçar.
7) Registrar/documentar a ocupação com foto ou vídeo.
8) Postar/divulgar na internet se possível.
Quanto a escolha do local, ele deve ser relacionado com a homofobia, ter alguma relevância política ou ter grande visibilidade na cidade. É importante que seja um lugar público ou se for muro, de algum lugar desocupado, para evitar problemas como os que tivemos no Mackenzie que os seguranças tentaram impedir, mas no final chamamos a polícia que liberou o trabalho e ainda tivemso um excelente palpite de um policial de como fazer a Ocupação.
Acima, policiais contestam seguranças do Mackenzie e Ocupação pode ser realizada
Todas as fotos foram cedidas para o Blogay por Luís Arruda. Todas são de sua autoria com exceção a do Congresso Nacional em Brasília que foi clicada por Leonardo Ângelo.
http://blogay.folha.blog.uol.com.br/arch2011-02-13_2011-02-19.html
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