Atitude LGBT Social

terça-feira, 26 de abril de 2011

O objetivo deste artigo é mostrar que não só de atitudes, agressões, espancamentos e assassinatos a homofobia se efetiva. Estes são apenas nos casos mais extremos.
Alerta: discursos, sublimação e reduções acobertam e inflamam tais circunstâncias.
Chega de falar de Bolsonaro (discurso que também inflama as circunstâncias). Ele é apenas mais um incentivador com quem muita gente concorda, segundo sua afirmativa de que se pode consertar um filho gay através de tapas, proibições – conhecidos controles comportamentais. Especulo que o deputado, por ironia do destino, foi eleito pelo Rio de Janeiro (o mesmo Estado que é considerado o destino mais gay friendly e que também elegeu Jean Willys, ativista LGBT, como deputado) o que já chamou bastante atenção.
Nunca vi tantos integralistas; nacionalistas; nazistas; racistas indo às ruas e apregoando o direito da “liberdade de expressão” para incentivar a coação das diferentes minorias do nosso Brasil, Estado democrático de direito.
O que importa de fato é que não apenas ele (BOLSONARO), mas muitos brasileiros acreditam que uns tapas “corrigem” um filho.
Ratifico: há que defenda que homofobia é apenas matar, agredir fisicamente, torturar um ser humano pelo fato de ser homossexual. Estas pessoas esquecem que antes dos referidos atos violentos, o agressor é motivado por discursos,bastante precários e geralmente baseados em conhecimentos superficiais ou de extremistas religiosos.
Não, homofobia não é apenas isso. A homofobia tem raízes mais longas. Discursos que geralmente são tolerados porque não possuem resultados concretos e visíveis, como as ações práticas tem. Era quem interpreta o explano como apologia à violência, que graças a Nossa senhora do babado forte, já é legalmente punível. Estou falando do que é entendido como mero “conservadorismo”.
Alguém que não aceita o filho ser homossexual é “compreendido” pela sociedade. É ainda tolerado o discurso de que todo gay é promiscuo e por isso é “compreensível” que os mesmos não possuam direitos iguais aos heteros. Ou ainda que o gay afeminado seja todo espalhafatoso, se fosse “homenzinho” poderia ser tolerado. Sem mencionar o discurso de religiosos que usam os livros sagrados para condenar e proibir a homossexualdiade: “o homossexualismo [sic] deve ser banido da sociedade!”, ferozmente falam inúmeros líderes religiosos. Percebemos a desqualificação da homossexualidade como característica (e portanto a sua qualificação como mero comportamento) que redime o “pecador” mas não o pecado. Disfarçadamente a condenação continua.
Baseados nestes discursos e munidos da “liberdade de expressão”, movimentos de extrema direita ganham força no Brasil. A fala de Bolsonaro condenando e estimulando a ‘correção” da homossexualidade com tapas, segue tolerada, o mesmo não se pode falar do racismo, tendo em vista que de chofre provocara dissabores e reações públicas. No que difere a condenação do racismo e a tolerância da homofobia? A existência de uma lei, que respalda a questão.
Sob essa perspectiva o projeto de lei que condena a homofobia – muitas outra formas de discriminação – é perseguido. Acontece que a liberdade de expressão é muito bem vinda desde que não ofenda, estimule a violência [física ou psicológica] ou discrimine qualquer cidadão. Em nome da liberdade de expressão, esses grupos de intolerantes têm se organizado, não apenas para terem voz, colocando na prática o que é da ordem do discurso.
Sobressalto: seus discursos devem ser condenados simplesmente porque dão base às praticas mais extremas de violência. Como exemplo:
Estudante de Santa Maria é preso por incitar a violência na internet
Homem estaria pregando, em página no Orkut, a morte de mulheres, índios, judeus e homossexuais
Esta semana veio à tona o caso de uma agressão a uma travesti, mesma semana na qual grupos de integralistas e nacionalistas foram à Avenida Paulista (local de recentes agressões homofobicas) dar apoio ao discurso de Bolsonaro.
O caso da agressão à travesti foi tratado pela delegada como assassinato, não como homofobia. Segundo o jovem que cometeu o delito, a travesti teria roubado 800 reais dele por que ele se negou a pagar o programa de uma prostituta. No vídeo, a travesti estava com UM GRUPO de pessoas, os jovens chegam, agredindo-a , posteriormente esfaqueando. Pela lógica, a prostituta que fez o programa deveria ter sido morta, mas apenas a travesti “ladra” foi VIOLENTAMENTE morta e mesmo depois de morta recebeu mais de 30 facadas.
As testemunhas que estavam acompanhando a travesti e conseguiram fugir, não foram mortas porque se confia na impunidade, já que uma travesti é moralmente condenável pela sociedade por ser o que é. Alguém age desta forma não pode ser condenado apenas por assassinato, foi um crime de ódio e intolerância. Taxar a travesti de ladra, não diminui a brutalidade e a fragilidade do argumento que se utilizou para mata-la.
Vamos relembrar dos casos da Avenida Paulista. Estes casos não foram apenas de agressão, eles têm uma motivação maior: o extermínio, a condenação e agressão de homossexuais. Mas nem a lei proíbe, posto assim a sociedade tolera a existência desses discursos que alimentam e fomentam a ignorância pré-existente.
Não entendo quem acha que ‘liberdade de expressão’ é ter o direito de ofender outra pessoa, ou taxar esta de pecadora.
Relembro: na Santa Inquisição, vários foram enforcadas, queimados e torturados. Motivo alegado: serem pecadoras.
Este pensamento e discurso de condenação continuam, apenas as ações práticas são contestadas e justamente por causa da fragilidade dos argumentos. Com que finalidade se quer ter este tipo de “liberdade de expressão”? Talvez alguns acreditem que o retorno de ideias medievais seja um avanço ao país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário