Atitude LGBT Social

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Só a educação liberta

Marcela Vivi (nome fictício) era um menino que se sentia e agia como uma menina e por isso se assumiu como gay e, depois, travesti. Na Escola Estadual Luís Antônio, no bairro de Candelária, Zona Sul de Natal, onde Marcela Vivi estudava, ela disse que sofria tanta discriminação, principalmente na hora que ia ao banheiro, que chegou a apanhar dos colegas e a direção da escola teve que reservar um banheiro somente para os homossexuais.

Já Iakelvis Lamonier, 18 anos, é um rapaz tímido, calado, mas desde que descobriu sua tendência homossexual assumiu sua orientação, pagando um alto preço por causa disso. Quando era aluno da Escola Estadual Dinarte Mariz, no bairro de Mãe Luísa, Zona Leste de Natal, ao decidir pela homossexualidade sofreu uma forte discriminação dos próprios colegas de sala, a ponto de a direção da escola ir lhe deixar em casa após as aulas durante um bom tempo.

No meio de uma aula, o professor se recusou a entregar um exemplar de um livro a um aluno que reclamou o fato de somente ele não ter recebido. A resposta do professor foi enfática: "As bichinhas não precisam de livro", completando em seguida: "Tá com raiva? Vamos decidir lá fora". Resultado: o aluno de 17 anos chegou primeiro lá fora e atirou uma pedra no parabrisa do carro do professor e nunca mais apareceu na escola".

Os três episódios narrados mostram o quanto a rede educacional brasileira se ressente da falta de preparo para lidar com a homossexualidade e com toda carga de preconceito que a situação acarreta dentro da escola. Agressões verbais e físicas, ameaças e bulling são apenas alguns sinais da rotina de discriminação que sofrem os adolescentes homossexuais por parte dos colegas de sala de aula e até de professores. Mas os três casos trazem outro fato em comum: eles não suportaram a carga de discriminação e abandonaram a escola, o que leva à exclusão do mercado de trabalho.

A diversidade sexual e a homofobia não estão sendo trabalhadas adequadamente através depolíticas públicas dentro da escola brasileira. Sem uma estrutura de psicopedagos e psicólogos, as escolas públicas são as que mais sofrem com a situação. Apesar de muitas vezes oferecerem algum apoio ao aluno agredido através do bullying ou simplesmente pelo preconceito sexual, os estabelecimentos não tomam atitudes severas contra os agressores e não trabalham a permanência na escola do aluno agredido.

A escola tem sido o primeiro lugar onde os homossexuais mais sofrem preconceito. E não é só. Pesquisas feitas pela Unesco em 2006 ilustram a gravidade do preconceito nas escolas: uma delas, entre os alunos, descobriu que 40% dos meninos brasileiros não querem um colega homossexual sentado na carteira ao lado; outra, com professores, mostrou que 60% deles consideram "inadmissível" que uma pessoa mantenha relações com gente do mesmo sexo.

fonte: DN

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