"Homofobia no Brasil: enquanto isso, na Sala da Justiça…
11 de maio de 2011 Redação
Brasil Homofobia
Por Manuela Neves
Mesmo com toda a luta ativista e as vitórias recentes do movimento homossexual, a homofobia continua ganhando espaço.
O famoso deputado Jair Bolsonaro continua a sua apologia ao ódio: agora foi a vez de distribuir 50 mil panfletos contra o que ele chama de kit-gay. E adivinha quem vai pagar por isso? Ele diz que vai repassar estes gastos para os cofres públicos – dinheiro com o qual nós homossexuais também contribuímos com impostos.
Bolsonaro é o homem que diz que “o problema” da homossexualidade se resolve na mão. Ele tem coragem de dizer isso enquanto homossexuais são espancados por ai, assassinados por causa da sua homossexualidade. Ele não bate em homossexuais de fato, mas dá aos homofóbicos a “desculpa” que eles procuram para a sua violência.
E ai eu pergunto: o quão distante assim estamos da África, onde homossexualidade é crime?
Homossexualidade não é condenada oficialmente com pena de morte no Brasil (ainda bem!), mas não é só o Estado que se encarrega de acusar e condenar: o país conta com o maior número de assassinatos de homossexuais do planeta, de acordo com o Grupo Gay da Bahia (GBB), que divulgou que 198 homossexuais foram assassinados por crimes de ódio no Brasil em 2009. E o número aumentou ainda mais em 2010: 260 assassinatos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais.
Essas estatísticas, que não são oficiais, são dados levantados de acordos com notícias em jornais e revistas. “Estes números são apenas a ponta de um iceberg de sangue e ódio, pois não havendo estatísticas governamentais sobre crimes de ódio, nos baseamos em notícias de jornal e internet, uma amostra assumidamente subnotificada”, afirma Luiz Mott, o fundador do GGB.
Enquanto Bolsonaro faz apologia ao ódio e à violência, o Pastor Silas Malafaia afirma em seu twitter: “Em tempo: a PL 122 só não foi aprovada por causa da pressão do povo de Deus junto aos senadores” e “Não deixe de enviar e-mail para os senadores do seu estado pedindo pra rejeitar o PL 122”.
Francamente, senhor pastor e senhor deputado. Quando a questão é dinheiro público – dinheiro que nós também pagamos com impostos que devemos como cidadãos – os homossexuais tem que colaborar. Quando se trata de usar o nosso dinheiro para combater os nossos próprios direitos de sermos respeitados, tudo bem, ai não somos mais cidadãos que merecem respeito?
Os homossexuais tem muito mais deveres do que direitos. E enquanto isso os números de violência e assassinatos só sobem.
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