A relação e o convívio do adolescente homoerótico com os outros – Parte IV – Os Estranhos
O
adolescente homossexual sempre se preocupa quando vai escolher a quem
vai revelar sua orientação sexual. Procura pessoas próximas que acredita
serem menos preconceituosas e que poderão ajudá-lo. Depois de passar
por este processo de assumir-se para a família e os amigos, a
preocupação do adolescente, torna-se intensa principalmente quando se
refere a estranhos (Isay, 1998).
O
adolescente passa a esconder ou manipular informações sobre sua
homossexualidade. Ele tem sempre medo da possibilidade de ser rejeitado e
de ser fisicamente agredido, extorquido ou humilhado. Muitos preferem
ter uma vida dupla do que se expor mais ainda com a revelação (Mott,
1996).
Segundo
Silva (2007, p. 90), caso o homossexual se sinta à vontade com sua
orientação sexual, essa auto-aceitação terá um efeito rápido sobre os
outros indivíduos, pois ficarão mais fáceis as relações com ele nos
encontros e situações sociais.
No
imaginário brasileiro, ainda existem os estereótipos e crenças
abstratas (tais como sistemas de valores) e muitas pessoas discriminam
os homossexuais porque os identificam como estereótipos ou indivíduos
estigmatizados que têm sistemas de valores opostos ao da cultura imposta
pela heterossexualidade. De acordo com Mott (1996), os homossexuais no
Brasil são rejeitados por 78% entre a população geral e 82% entre
formadores de opinião.
Há
um crescente número de reportagens e noticiários de violência em que os
homoeróticos estão sendo vítimas de pessoas preconceituosas, além de
famílias que não aceitam essa condição vivenciada por esses indivíduos
que se submetem à falta de apoio de amigos e da sociedade de modo geral
(Mott, 1996).
Sobre
o preconceito e violência experienciados pelos homossexuais, Silva
(2007, p. 78) nos revela uma pesquisa realizada por Berrill (1992)[1], a qual mostrou que 80%
dos
gays já tinham sido verbalmente agredidos, 44% sofreram ameaças, 33%
foram perseguidos ou seguidos, 25% tiveram objetos jogados contra eles e
13% tinham sido cuspidos.
Adolescentes
homossexuais, ao contarem as suas histórias de vida, revelam-se como
pessoas diferentes, que, mesmo sem pensar em sexo com pessoas do mesmo
sexo, já carregam o peso insuportável da discriminação. São estuprados
psicologicamente, xingados e emocionalmente torturados, dia após dia
pela homofobia dominante em nossa sociedade heterossexista (Mott, 1996).
Dessa
forma, Trevisan (2007, p. 157-159) destaca que “depositários dos ideais
de tradição patriótica e dos valores patriarcais, as leites brasileiras
sempre se apresentam muito defensivas e, por isso mesmo,
particularmente vulneráveis ao fantasma do desejo desviante”.
Izaac Azevedo dos Santos
Mestre em Letras pela PUC-Rio
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Deixe suas dúvidas e comentários que responderei.
Abraços!
Izaac Azevedo
e-mail: izaac.azevedo@gmail.com
MSN: newton.chris@hotmail.com
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Referências Bibliográficas
CASTAÑEDA, Marina. A experiência homossexual. São Paulo: A Girafa, 2007.
CONNEL, Robert. Masculinities. Cambridge: Polity Press, 1995.
ISAY, Richard A. Tornar-se gay: o caminho da auto-aceitação. São Paulo: Summus, 1998.
MOTT, L. Os homossexuais: as vítimas principais da violência. In: VELHO, G.; ALVITO, M. Cidadania e violência. Rio de Janeiro. Ed. UFRJ.1996.
MUCCI, L. I. Homoerotismo. E-Dicionário de Termos Literários, coord. de Carlos Ceia, ISBN: 989-20-0088-9, http://www.fcsh.unl.pt/edtl acesso em set. 2007.
SILVA, A. N. N. Homossexualidade e Discriminação: o Preconceito Sexual Internalizado. Tese de Doutorado. Departamento de Psicologia. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC/RJ, 2007.
TREVISAN, J. S. Devassos no paraíso – a homossexualidade no Brasil, da Colônia à atualidade. São Paulo: Record, 2007.
Texto extraído da dissertação de Mestrado:
SANTOS,
Izaac Azevedo dos. Narrativas de um adolescente homoerótico: conflitos
do ‘eu’ na rede de relações sociais da infância à adolescência. Rio de
Janeiro, 2008. Dissertação de Mestrado – Departamento de Letras,
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Texto completo na internet:
http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/biblioteca/php/mostrateses.php?open=1&arqtese=0610578_08_Indice.html
[1] BERRILL, K.T. Antigay violence and victimization in the United States; an overview. In: HEREK, G.M. & BERRILL, K.T. (eds.). Hate Crimes: confronting violence against lesbians and gay men. California: Sage, 1992. p. 19- 45.
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