Atitude LGBT Social

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

HOMOFOBIA - Frente Evangélica quer impedir distribuição de cartilha em escolas


Idhelene Macedo

A Frente Parlamentar Evangélica pretende barrar a distribuição de cartilha elaborada pelo Ministério da Educação (MEC) para orientar alunos das escolas públicas sobre o preconceito contra homossexuais.

Segundo o presidente da frente parlamentar, deputado João Campos (PSDB-GO), sua assessoria vai analisar todo o conteúdo para emitir parecer sobre a possibilidade ou não de se propor uma ação no Judiciário e na Procuradoria Geral da República com vistas ao recolhimento do material.

O deputado disse estar preocupado porque considera que se trata de uma cartilha “que está muito mais fazendo a apologia do sexo entre crianças e adolescentes do que necessariamente orientando sobre a homofobia, do ponto de vista preventivo, para educar as pessoas”.

Compromisso diferenciado - João Campos afirmou que é contra a homofobia e contra a discriminação em relação a qualquer pessoa, mas ressalvou acreditar que o governo parece ter um compromisso diferenciado, e se opõe apenas à discriminação contra os gays.

“O que também nos preocupa é que o governo coloca nos órgãos que vão tratar dessas políticas e desses programas só pessoas que têm esse tipo de compromisso e que têm esse tipo de orientação sexual”, avalia Campos. “Aí, a possibilidade de o material sair com um certo desvio de finalidade termina sendo grande, porque há uma certa passionalidade na elaboração de um material dessa natureza.”

Iniciativa positiva - Já o deputado Maurício Rands (PT-PE) afirmou que considera a iniciativa do MEC positiva porque, segundo ele, o material contra a homofobia direcionado aos jovens vai contribuir para a construção de uma sociedade “verdadeiramente democrática e mais tolerante” quanto à orientação sexual das pessoas.

Para o deputado, “se há uma apologia a comportamentos distorcidos no presente é justamente devido à atitude do sistema educacional, tanto público, quanto privado, que tem precisado fechar os olhos ao bullying homofóbico”.

Na avaliação de Rands, isso se deve ao fato de não haver um programa proativo para combater as atitudes de violência nas escolas aos jovens homossexuais. “O Brasil, já no século 21, é um país contemporâneo, grande ator no mundo. Mas, infelizmente, em alguns aspectos, a sociedade brasileira ainda é muito atrasada.”

Avaliação de especialistas - De acordo com informações do Ministério da Educação, o material da cartilha contra a homofobia já foi elaborado, mas ainda vai passar pela avaliação criteriosa de um comitê de especialistas.

A distribuição da cartilha a cerca de seis mil escolas públicas de ensino médio deve acontecer neste ano, mas ainda não há data prevista, segundo o MEC.

Jornal da Câmara

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