Nota de repúdio contra as agressões de nazi-fascistas
A Frente Paulista Contra a Homofobia –iniciativa
de união de grupos do movimento social LGBT, de partidos políticos,
órgãos públicos municipais e estaduais de São Paulo, entidades
religiosas, centrais e sindicatos de diversas categorias de
trabalhadores, entidades representativas de segmentos da iniciativa
privada e cidadãos e cidadãs paulistas que atuam contra a
homofobia–, vem a público para condenar e repudiar a violenta agressão a
que sofreram quatro pessoas ligadas ao Movimento Anarcopunk e também
um catador de papel, que é pessoa com deficiência física, por ocasião da
celebração da Jornada Antifascista 2011, na noite de sábado, dia 26 de
fevereiro, na capital deste estado.
Tais skinheads nazi-fascistas –que agem
amparados por uma intolerância travestida de ideologia que fomenta o
ódio à diversidade e promove o preconceito, discriminação e violência
contra homossexuais, negros, imigrantes e nordestinos– , merecem e devem
responder criminalmente por mais este ato de barbárie que causa repulsa
aos cidadãos que se pautam pelo respeito aos direitos humanos e
princípios do Estado de Direito. Dois deles, por sinal, segundo as
autoridades policiais, já têm antecedentes criminais.
Cumpre informar que a Jornada
Antifascista 2011 foi promovida pelo Movimento Anarcopunk em lembrança à
morte do adestrador Edson Neris, homossexual barbaramente assassinado
por skinheads nazi-fascistas na praça da República, no centro da capital
paulista, em 6 de fevereiro de 2000, pela torpe razão de estar
caminhando de mãos dadas com uma pessoa do mesmo sexo.
Imprescindível recordar que os ataques
covardes de nazi-fascistas contra a comunidade LGBT tristemente se
repetem no estado de São Paulo, inclusive em zonas conhecidas pela
pluralidade de frequentadores, como é o caso da região central e
arredores da avenida Paulista, em episódios como a agressão a um jovem
negro homossexual, na estação Sé do metrô (06/02/11); a um doutorando,
na rua Peixoto Gomide, entre as ruas Frei Caneca e Augusta (25/01/11); e
a um casal de rapazes, na avenida Paulista (05/12/10).
Esses nazi-fascistas também foram os
responsáveis pelo atentado à bomba perpetrado contra a comunidade LGBT,
por ocasião da 13ª Parada do Orgulho LGBT (14/06/2009), no cruzamento
das ruas Vitória e Vieira de Carvalho, e que feriu pelo menos 21
pessoas. Nesse triste dia, também foram registradas duas agressões
contra um rapaz de 17 anos, entre as ruas Antônia de Queiroz e Frei
Caneca, que implicou em politraumatismo facial, e uma outra, na praça da
República, que resultou na morte do cozinheiro Marcelo Campos Barros,
de 35 anos, por traumatismo craniano, todas elas de matiz nazi-fascista.
Por isso, esta Frente Paulista Contra a Homofobia exige
das autoridades estaduais e municipais o cumprimento da legislação que
pune tais atos criminosos e na adoção de políticas de proteção às
vítimas, bem como atuar na sua prevenção, mediante programas de educação
anti-homofobia e ostensivo policiamento de zonas onde grupos de
skinheads nazi-fascistas continuam sua escalada de crimes.
Na oportunidade, esta Frente Paulista Contra a Homofobia faz coro ao Movimento Anarcopunk de que as autoridades
civis e militares não podem e não devem – sob pena de, indiretamente,
incentivar novas agressões e fomentar a impunidade – taxar, pura e
simplesmente, os ataques nazi-fascistas como sendo “brigas de gangues”,
muito menos como casos isolados e irrelevantes para a sociedade.
Minimizar a gravidade desse tipo de ação, que ocorre há tempos no estado
de São Paulo e, também, no País, atingindo uma série de indivíduos e
grupos, é condescender e pactuar com um problema que coloca em risco a
liberdade de todos os cidadãos, tão cara em nossa jovem democracia.
São Paulo, 3 de março de 2011
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